Como será afetada a evolução da computação se a Lei de Moore de fato "morrer" em 10 anos?
A famosa previsão, chamada de Lei de Moore, foi feita pelo co-fundador da Intel, Gordon Moore, em 1965. Ela sustenta que o número total de transistores em um chip dobra a cada dois anos.
Um conhecido físico teórico, porém, afirmou que esta, que é uma das principais teorias para a indústria de computadores, está em colapso. Seu nome é Michio Kaku, professor de física teórica na Universidade da Cidade de Nova York. Numa entrevista gravada e disponível no site bigthink.com, ele afirmou que essa Lei, que já está com 47 anos de vida, deixará de ser válida em breve, o que afetará a evolução dos processadores.
"Em cerca de 10 anos, veremos o colapso da Lei de Moore", disse Kaku. "Na verdade, nós já estamos vendo um "abrandamento" da Lei de Moore. O poder computacional simplesmente não pode mais manter a sua rápida ascensão exponencial usando a atual tecnologia de silício."
Abaixo você pode conferir o vídeo com a entrevista:
Kaku, como tantos cientistas antes dele, recentemente afirmou que os dois principais problemas que vão atrapalhar a Lei de Moore são o calor e as perdas. "Essa é a razão pela qual a era do silício vai finalmente chegar a um fim", disse ele.
É verdade que esta não é a primeira previsão de que a Lei de Moore está falhando. Durante anos, vários cientistas e analistas do setor vêm prevendo o seu fim. Com o tempo, porém, os pesquisadores sempre vinham obtendo avanços na estrutura de chips e componentes, mantendo a Lei de Moore viva.
Por exemplo, no outono de 2008, pesquisadores da Montreal's McGill University relataram que haviam descoberto um novo estado da matéria que pode estender por bastante tempo a Lei de Moore. Os pesquisadores da universidade, usando temperaturas 100 vezes mais frias do que o espaço intergaláctico, encontraram um cristal de elétrons "quasi-tridimensional" que pode ajudá-los a aproveitar melhor a física quântica, permitindo a produção de chips de computador cada vez menores.
Em dezembro do ano passado, as equipes científicas da McGill University e Sandia National Laboratories informaram que haviam construído um dos menores circuitos eletrônicos conhecidos, abrindo caminho para dispositivos móveis menores e mais poderosos. Analistas do setor foram rápidos em perceber que esse tipo de descoberta poderá estender por ainda mais tempo a Lei de Moore.
Consciente desses fatos, Kaku disse na entrevista em vídeo que os cientistas devem ser capazes de ajustar os componentes de silício de forma a manter a Lei de Moore válida por mais alguns anos. Mas, depois de esgotar toda essa tecnologia, como, por exemplo, os chips tridimensionais (3D), eles vão atingir os seus limites.
"Todos os rumores sobre a morte da Lei de Moore nos últimos 20 anos tiverem um forte embasamento, porém, a indústria de tecnologia sempre encontrava uma maneira de manter o ritmo de crescimento e evolução", disse Patrick Moorhead, um dos principais analistas na área. Mas, ele concluiu seu raciocínio dizendo: "Existe algo, porém, que não pode ser deixado de lado: À medida que chegamos ao nível molecular no design e fabricação de chips, fica cada vez mais caro e difícil manter esse ritmo."
Os cientistas, no entanto, estão trabalhando para manter a evolução desse processo se movendo no ritmo previsto por Moore. Um importante ramo de pesquisa é a fotônica, ou seja, dados enviados através de luz em vez de interconexões de cobre. E há, também, os componentes 3D e sistemas híbridos CPU / GPU. Indo além do silício, os cientistas estão se concentrando em computadores quânticos e na computação molecular.
Apesar de todos esses avanços, Kaku disse que os computadores moleculares se mantém como uma promessa. Além disso, ele vê "enormes problemas" com a computação quântica, sendo assim não espera que ela realmente amadureça até o final do século 21.
"Os pesquisadores estão constantemente buscando uma forma de projetar e desenvolver novos materiais que possam proporcionar maior desempenho a um custo razoável", disse Dan Olds, analista do Gabriel Consulting Group. "Continuam surgindo novas ideias e avanços, driblando o fim da Lei de Moore . Um bom exemplo disso é o Transistor Tri-Gate da Intel, que aumenta a área de contato do transistor e fornece cerca de 30% de aumento de performance, mesmo utilizando menos energia." A Intel lançou seus transistores 3D em seus novos chips Ivy Bridge, revelados no mês passado.
Charles King, analista da Pund-IT, disse que a Lei de Moore pode até estar chegando ao fim, mas ele não está preocupado em como isso irá afetar a evolução da indústria de computadores. "Você pode até argumentar que este conceito está se dirigindo de forma a colidir com as barreiras da física", disse King. "De qualquer forma, a grande maioria das leis fundamentalmente refletem o seu tempo e lugar e, inevitavelmente, tornam-se irrelevantes com o passar do tempo."
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